A desigualdade como suporte da hierarquização social
Testemunho 1
O que sai a mão de Deus é ordenado. Ora, a ordem implica uma hierarquia e, consequentemente, uma certa desigualdade.
S. Tomás de Aquino, 1225-1274
O documento diz que a desigualdade era natural porque foi Deus que assim o quis, pois já Deus tinha uma hierarquia portanto os homens tinham que a ter também.
As questões de tratamento e outras cortesias
Ao nobre [português] parece não existir nobreza semelhante à sua, pelo que julga que todos os outros lhe ficam muito atrás. Procura, em todas as coisas, fazer como fazem os reis e os príncipes (…). Em casa chama os criados pelo nome dos seus cargos: mordomo, secretaria, criado de quarto, moço das cavalariças, etc. (…).
Só estuda questões de gravidade e etiqueta porque é em coisas como estas e não na virtude que consiste a nobreza. Ponderam a quem devem tratar por tu, vou Vós, por Mercê, por Senhoria, por Excelência e por Alteza, porque o título de Majestade ainda lá não chegou. (…)
Dão tratos à cabeça para pensar a quem devem tirar o chapéu, se meio, se por completo, se baixá-lo até baixo, se conservá-lo alto; se fazer cobrir-se aquele com quem se fala ou se deixá-lo de cabeça descoberta, ou se devem cobrir-se eles próprios (…). Estudam, por fim, que todos os seus actos sejam medidos com termos de gravidade mais que cansativos.
Anónimo italiana do século XVII em: Retrato e Reverso de Portugal, transcrito por A. H. de Oliveira Marques, Revista Nova História – Século XVI, nº1, 1984, Ed. Estampa
Este documento critica o facto de a nobreza portuguesa ter maneiras de tratamento para com outros nobres. As formas de tratamento variam consoante o cargo que desempenham na nobreza. Diz também que os nobres estudam e avaliam como falar ou cortejar outro nobre e que tratavam os criados pelos cargos. Critica também que a nobreza não estava preocupada em desenvolver o país mas sim preocupar-se com as formas de tratamento para com os outros nobres.
Sem comentários:
Enviar um comentário