quarta-feira, 26 de outubro de 2011

As mutações nos comportamentos e na cultura


- As transformações da vida urbana
As cidades cresceram a um ritmo alucinante, como já antes estudado, como consequência da industrialização. Deste modo, formou-se grandes metrópoles que tinham muitos habitantes, ultrapassando os valores do campo. As cidades eram grandes centros de poder pois era lá onde se concentrava todas as instituições. Teve que se começar a construir em altura pois não havia espaço para todos e o conceito de cidade modificou-se pois já não era um local só para viver e trabalhar mas também para diversão.
Redes de transportes, esgotos, hospitais, escolas, abastecimento de água, luz e gás, … foram alguns dos serviços que foram necessários construir para acompanhar a evolução das cidades.

- A nova sociabilidade e a desagregação das solidariedades
                Com a instrução das tecnologias da época, a vida do Homem transformou-se a nível social, pessoal e laboral. A distância entre casa e o trabalho eram cada vez maiores e começou-se a comunicar à distância (invenção do telefone, rádio, …). Com a grande afluência à compra de automóveis, o trânsito surgiu fazendo com que as ruas deixassem de ser pacatas e fossem muito barulhentas, assim como, a poluição aumentou. O homem começou a desumanificar-se e tornou-se automático, por causa da produção em cadeia. Despersonalizou-se também pois seguia um padrão definido pela sociedade em geral. Quem saíssem deste mesmo padrão era considerado marginal, começando a surgir bairros pobres para onde estas pessoas iam morar e a marginalidade e a violência emergiam.
Os anos 20 refletiam o ritmo stressado das cidades, onde as pessoas menos ricas deixaram de ter tanto tempo para o lazer, ma por outro lado, as mais ricas, começaram a ganhar o gosto das viagens, fazendo muito turismo.

- Crise dos valores tradicionais
Os valores ocidentais mudaram do positivismo para o relativismo. Tudo passou a ser posto em causa, principalmente após a 1ª Guerra Mundial, pois os europeus pensavam que a Europa era o maior continente do mundo e que resistia a qualquer problema. Porém isto não se veio a verificar, pois a Europa sofreu bastante com a guerra. Deste modo, os valores tradicionais caíram na anomia social: desvios dos comportamentos padrão (ex. corte de cabelo por parte das mulheres).
Os governos conservadores tentaram a todo o custo repor os valores tradicionais mas o povo encontrava-se dividido entre as revoluções sociais e mentais com novas ideologias e as tendências que assentavam nos nacionalismos com movimentos de direita radicais.

- Os movimentos feministas
Até ao século XIX o estatuto social das mulheres era o seguinte:
-a sua riqueza ia para o marido após o casamento, assim como os filhos ficavam com a família do marido, após enviuvar. Era “escrava” (fazia tudo o que o homem pedia, lida da casa, tratava da educação) e tinha de ter autorização masculina para ir a qualquer lado.
-mão-de-obra mais barata: os patrões aproveitavam-se do facto de serem mais baratas e só empregavam mulheres e despediam os homens, levando à marginalidade masculina.
As mulheres descobriram que era iguais aos homens, pois tinham as mesmas capacidades, inteligências, força, …, e começaram a querer direitos iguais para ambos os géneros. Os casamentos por amor surgiram pois já não era necessária permissão para casar nem haver dote pois as mulheres eram independentes economicamente.
Os movimentos sufragistas apareceram e pretendiam que a mulher obtivesse o direito ao voto e a participar na vida política.
A modo começou a ser expandida pelas mulheres, que começaram a usar as saias mais curtas, para uma melhor eficácia no trabalho, assim como, o corte de cabelo. O controlo da natalidade cresceu por causa da falta de tempo para os filhos e porque as condições de vida melhoravam cada vez mais e queriam dar uma igualitária vida a todos os filhos. A noção de família também sofreu alterações; passou a ser só o pai, a mãe e os filhos e deixou-se de ter toda a família junta. O médico e o psicólogo substituíam o padre na gestão de conflitos. Assim, houve uma laicização das sociedades.

- A descrença no pensamento positivista e as novas conceções científicas
Na 2ª metade do século XIX, o positivismo pretendia justificar todo o conhecimento científico. Porém, no final do século XIX, começaram a aparecer contestações ao positivismo e a defender o relativismo dizendo que não é certo mas sim relativo, que não se pode afirmar nada pois o que se diz hoje amanha pode já não ser verdade ou estar incompleto. O conhecimento é subjetivo e não objetivo como se pensava.
Vários intelectuais apresentaram variadas teses relativistas. Einstein celebrizou as teorias da relatividade onde demonstrou que o espaço era relativo e não absoluto. Freud desenvolveu a psicanálise e teorias sobre o consciente e o inconsciente. Estas tiveram grande impacto na época, havendo uma enorme discussão sobre o assunto.




A regressão do demoliberalismo



              Como a revolução soviética decorreu durante a 1ª Guerra Mundial, a Europa só sentiu o seu impacto no pós guerra, pela III Internacional que pretendia expandir o comunismo ao resto do mundo. Com a divulgação das ideias marxistas-leninistas e as más condições de vida, social e política, os operários europeus começaram a reindivicar pelas mesmas medidas tomadas na Rússia. Assim, alguns governos, que não queriam revoltas, tomaram medidas e desenvolveram movimentos autoritários e antidemocráticos para protegerem os seus ideais. Deste modo, por toda a Europa surgiram movimentos fascistas, nazis, salazaristas, …
                Para solucionar estes problemas, houve revoluções e contrarrevoluções que evidenciavam as crises liberais. Por conseguinte, a democracia parlamentar conteve as revoluções mas estava ameaçada pelas forças de esquerda e de direita, originando uma repressão do demoliberalismo.

Implantação do marxismo-leninismo na Rússia: a construção do modelo soviético


- Da revolução burguesa à revolução socialista

A Rússia, no século XX, estava muito frágil, a nível social, económico e político. Com a sua entrada na 1ª guerra ficou ainda pior, pois foi com um grande exército mas nada bem equipado. Inflação, carestia, baixa produção agrícola e industrial, elevado número de mortos, miséria do povo, restrições materiais e sofrimentos morais eram os problemas da Rússia.
A Rússia estava num regime autocrático e absolutista e era governada pelo Czar Nicolau II. Os liberais fizeram a sua primeira tentativa de revolta (1905) mas o exército do czar conseguiu derrubá-la. Esta revolta foi denominada por Domingo Sangrento e foi a primeira tentativa de revolução por parte dos revolucionários. Mas o czar foi obrigado a abolir alguns privilégios e a criar a Duma (parlamento), porém estas eram fachada, pois o governo continuava igual.
Com uma reduzida perseguição política, alguns partidos foram criados e desenvolvidos: Partido Constitucional Democrata (KD) - apoiado pela burguesia, que pretendia um regime parlamentar; Socialistas Revolucionários – partidários dos coletivismo e da socialização dos meios de produção; Sociais-Democratas (posteriormente divididos em Mencheviques [moderados e reformistas] e Bolcheviques [radicais]) – defendiam a proletarização da sociedade e abolição da propriedade privada.
Com o agravamento das condições de vida a Revolução de fevereiro de 1917 aconteceu em Petrogrado. Esta revolução tem como bases as ideias de Marx, que pensava que a revolução comunista iria acontecer num local industrializado, moderno, desenvolvido, mas na realidade, aconteceu, num país atrasado, agrícola e rudimentar. Após a Revolução foi criado um Soviete – assembleia composta por soldados, operários -, e um Comité Executivo cuja presidência esteve a cargo de Kerenski e um menchevique. O Soviete de Petrogrado analisou e tentou resolver os problemas do povo sempre de acordo com a vontade e interesses de todos.
Como o regime czarista caiu, a duma também dissolveu-se, e por isto, foi criado um Governo Provisório que legislou a favor da transformação do estado russo num regime liberal semelhante ao ocidente. A Rússia tornou-se assim num estado laico, nos tribunais elegeu-se um júri para uma melhor avaliação das penas, as eleições foram para sufrágio universal nos conselhos administrativos locais, criação de horário de trabalho (8 horas diárias). Contudo, estas medidas não tiveram grande impacto.
Assim, o Soviete de Petrogrado e o Governo Provisório uniram-se. O Governo Provisório tentava estabilizar a situação financeira por o lado legislativo e o Soviete de Petrogrado seguiu uma linha democrática pondo em evidência a autonomia do povo.
Como o Soviete era adepto de Marx, instauram a ditadura do proletariado – período de transição entre a sociedade capitalista e o comunismo, onde o povo se mentalizava que éramos todos iguais e que não podia haver uma sociedade de classes.

Lenine voltou do seu exílio e começou a chefiar o Soviete de Petrogrado e os bolcheviques. O Partido Bolchevique tinha como objetivos a paz imediata, a liberdade para todos, expropriação dos proprietários fundiários, nacionalização das terras, bancos e grandes indústrias e controle da produção por operários. Estas medidas agradaram ao povo russo, pois era o que reclamavam à muito.
Com a confusão instalada na Rússia, por causa do descontentamento do povo pelas atitudes do Governo (sucessivos governos provisórios, aldeias tomadas de assalto por parte de camponeses, fábricas onde operários reclamavam por aumentos, melhores condições, várias paralisações, falências, agitação política), o Soviete de Petrogrado (bolcheviques) aproveitou-se e fez a Revolução de outubro de 1917, sem derrame de sangue e sem oposição política.
- O triunfo dos bolcheviques e a implantação do marxismo-leninismo

                Com os bolcheviques no poder, a difícil tarefa de por em pratica o seu programa político levantou-se. A economia estava frágil e muitos opositores (conservadores, apoiantes do czar e restantes países europeus) eram obstáculos. No entanto conseguiram implementá-las que tinha soluções inovadoras, denominadas por marxismo-leninismo. Em 1921 um novo regime surgiu mas antes disto houve um período marcado pela ação de Lenine e dos bolcheviques – comunismo de guerra. Este tinha como principais medidas, as seguintes:
- retirada da Rússia da guerra e negociação da paz com a Alemanha, pois era necessário gente para levantá-la;
- fim do império russo: o povo podia optar por ficar independente ou dependente da Rússia;
- centralismo democrático: modelo de organização política com base democrática mas após uma primeira eleição, o povo nunca mais elege, mas sim os deputados eleitos pelo povo;
- 1ª Constituição da revolução: favorecimento do proletariado e fim à propriedade privada e a Rússia passou a ser um estado federal e multinacional;
-destruição do sistema capitalista e coletivização de toda a economia: todos os lucros eram distribuídos por todos não havendo ricos nem pobres;
- Partido Democrático: partido único e todos eram militares do mesmo; o voto era atribuído a este partido por não haver mais nenhum concorrente; criação da censura e da polícia política;
- III Internacional: organismo que pretendia a expansão do comunismo e fim do capitalismo.
Com o fim da guerra civil russa que aconteceram entre 1917 e 1921 entre os brancos (burguesia e aristocracia, apoiados pela Inglaterra, França, EUA e Japão) e os vermelhos (bolcheviques) a Rússia estava diferente mas com os ainda graves problemas. Lenine teve a necessidade de criar a Nova Política Económica (NEP), para tentar reconstruir a economia interna. A NEP permitiu a existência de pequenas empresas e de explorações privadas (industriais e agrícolas), comércio interno com a venda de produtos aos mercados, entrada de capitais estrangeiros para modernizar a indústria e aumentar a produtividade. Isto permitiu uma relativa recuperação económica russa, assim como a produtividade, formou-se uma nova burguesia de pequenos e médios comerciantes, industriais e proprietários rurais.


A “era da prosperidade” dos EUA


O desenvolvimento dos EUA foi a nível industrial, comercial e financeiro, que deu origem a uma prodigiosa expansão do capitalismo e a um clima de otimismo e confiança, chamada de «era da prosperidade».
A produção cresceu e o mercado interno e externo aumentou com a expansão do crédito e da bolsa, a concentração industrial em trusts e holdings, assim como, as redes de drugstores representavam uma forte concentração comercial.
Novos métodos de produção e organização do trabalho foram criados: taylorismo e fordismo. Isto possibilitou um crescimento acelerado da economia.
Frederick Taylor (taylorismo) racionalizou o trabalho, usando o princípio do trabalho em cadeia, onde cada operário tinha a sua tarefa especifica.
Henry Ford (fordismo), baseado no taylorismo, criou o sistema de produção em série ou em massa, onde os modelos eram uniformes – estandardização.
Muitos industriais seguiram estes modelos e começaram a praticar políticas de altos salários, garantindo o poder de comprar para um escoamento da produção, estimulando o consumo a crédito e a publicidade.
O dinamismo desta expansão tornou-se um mito e algo a seguir. Contribuiu para a expansão da vida urbana, da divulgação do automóvel, rádio, telefone, cinema (nascimento do cinema americano – Hollywood) e de eletrodomésticos.