· A recusa do Absolutismo e os novos princípios de organização social em Inglaterra: valor do indivíduo, livre iniciativa, tolerância, separação de poderes
O desenvolvimento da economia e da actividade marítimo-comercial permitiu o crescimento e a formação de sociedades maioritariamente burguesas, que eram ricas e poderosas e conscientes dos seus interesses.
Assim possibilitou que as sociedades acabassem, mais rápido, com a chamada sociedade de ordens, havendo maior mobilidade e barreiras menos rígidas entre os seus estratos.
Na Holanda, a burguesia era o grupo com maiores cargos pois a nobreza era pouca e sem influência. Já em Inglaterra, a aristocracia dominava, não sendo uma nobreza feudal como os restantes países, a nobreza juntava-se à burguesia e os segundos filhos dos nobres já não se pareciam como nobres mas sim como burgueses.
Em Inglaterra, a pequena nobreza rural virou-se para o desenvolvimento agrícola e tinha um forte espírito empreendedor. No século XVII, as coffee houses – cafés – começaram a ser moda apesar de já existirem desde 1660, e eram usados para comer, para debates de opinião ou leitura de jornais. Foram bastante importantes porque permitiu que a população menos instituída ficasse a par de tudo o que se passava a nível político. O rei tentou acabar com estes cafés pois eram locais onde o povo começou a consciencializar-se do regime, fazendo com que o rei começasse a ficar com medo de uma possível revolta contra o regime.
Estabeleceu-se nas sociedades maioritariamente aristocratas, uma mentalidade predominantemente burguesa individualista, activa/trabalhadora, empreendedora, que garantia a sua segurança e estabilidade nos negócios e vidas.
Esta característica destas sociedades ficou provada na vida política inglesa como se pode verificar na Magna Carta em que os reis tinham de ouvir o Conselho do Reino em questões de impostos e subsídios e respeitar algumas garantias no campo judicial, isto são limites de governação.
As sociedades inglesa e holandesa começaram a exigir uma sociedade com liberdade de culto e de consciência fazendo com que houvesse a Revolução Gloriosa de 1688, em Inglaterra, que estabeleceu um regime monárquico, não autocrático, parlamentar, representativo, electivo (representantes livremente eleitos), liberal e aristocrata.
A teorização destes valores e princípios foram feitos pelo filósofo inglês John Locke, que fez a Carta a Respeito da Tolerância e Tratado do Governo Civil, onde desenvolveu princípios inovadores que se podem considerar iluministas e liberalistas. Estas ideias eram a soberania nacional e do contrato social, separação de poderes políticos e direito de resistência à opressão.
· O Iluminismo: a apologia da Razão; o princípio da ciência
O Iluminismo é uma corrente filosófica que afirma o primado da razão na construção do saber, da técnica e do progresso, meios para obter a felicidade, objectivo maior da existência humana. Os filósofos iluministas desenvolveram o pensamento, as ciências e as técnicas do seu tempo; promoveram o ensino e a educação dos homens; exerceram uma importante crítica social, religiosa e política.O Iluminismo filiava-se:
- humanismo dos séculos XV-XVI: valorização do homem e espírito crítico;
- surto científico do século XVII: racionalismo e empirismo materialista de autores como Decartes e Espiniza;
- teorias um pouco mais recentes: John Locke
O Iluminismo negava a tradição, o absolutismo, as leis divinas e defende o progresso, a felicidade, valoriza o homem, a tolerância. Tem como base o individualismo.
Rousseau defendia a soberania do povo, ou seja, o povo tem o poder de, através do voto, escolher os seus governantes; defendia a educação como meio de fazer desabrochar os dons naturais do homem e de o aperfeiçoar espiritualmente.
Mostesquieu defendia a separação de poderes (judicial, legislativo e executivo).
Voltaire defendia a liberdade, a tolerância e a justiça social.
O Iluminismo aspirava à divulgação do saber e da educação, afirmando que todo o homem tem o direito de ser instruído e educado logo desde tenra idade, para formar cidadãos cultos e esclarecidos, capazes de construir o progresso e agir responsavelmente como membros do Estado e da Humanidade. Para a educação começar a ter importância, os iluministas começaram:
- a divulgar a importância da educação para o desenvolvimento pleno das faculdades naturais dos indivíduos;
- a propagar a necessidade do alargamento da educação escolar a todos os indivíduos;
- a promover o crescimento da instrução e das escolas públicas;
- a defender a completa reforma do ensino existente:
. renovação dos currículos – línguas nacionais e ciências concretas, trabalhos manuais e prática de exercícios físicos;
. novos métodos pedagógicos-didácticos – estudo directo da natureza.
O iluminismo defende também o livre pensamento e promoveu o livre exercício do espírito crítico. Desenvolveu novos conceitos de Homem e de Cidadão. Negava o poder absoluto real e a teoria divina do poder real. Defendia os valores da igualdade entre todos e a liberdade.